‘Chimarrão e boa conversa, depois os negócios’
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Arquivo Pessoal - Uma das pioneiras da cidade, a Loja Adiles foi referência na venda de roupas e afins.
Essa foi a política de atendimento da família Girardi na Loja da Adiles. Em maio, depois de 59 anos de atendimento ao público, a loja lourenciana encerrou trabalhos
Em maio, a Loja Adiles, uma das mais tradicionais de São Lourenço do Oeste, encostou suas portas pela última vez. Depois de 59 anos de atendimento, a família Girardi decidiu que chegou a hora de encerrar o ciclo de lojista. Definição foi baseada na necessidade de se dedicar à saúde, principalmente a de quem coordenou o comércio e até batizou a loja, a Adiles Gritti Girardi. Uma curiosidade do momento é que aos 92 anos, é Adiles quem comanda os trabalhos de reforma da sala comercial e dita os termos da negociação da mobília e restante do estoque.
A história da Loja Adiles se confunde com a história da família Girardi. Quem conta é a própria Adiles.
Em idos da década de 60, a família Girardi estabeleceu moradia em São Lourenço do Oeste. Luiz Girardi, esposo de Adiles, foi o primeiro a chegar em solo lourenciano. A missão era apreender a profissão de alfaiate. Com um ano de trabalho, voltou para junto de seus pais. No retorno, oficializou o matrimônio com Adiles.
Dois dias depois da celebração do casamento, que aconteceu em Joaçaba, a família recém formada partiu para a cidade há pouco constituída e batizada de São Lourenço do Oeste. Luiz seguiu no ofício de alfaiate. Adiles passou a prestar serviço como comerciante em um estabelecimento já existente.
Ao sair do trabalho, onde atuou por alguns meses, Adiles passou a se dedicar nas vendas das produções do marido. Adiles relata que Luiz foi o primeiro alfaiate de São Lourenço, instruindo outros tantos trabalhadores que passaram a prestar o serviço. O movimento era grande na alfaiataria.
Família ainda guarda o registro de abertura da loja. Pelo Clube dos Lojistas Diretores Lojistas de São Lourenço do Oeste, documento é datado de 10 de outubro de 1964.
Com o passar dos tempos, a variedade de produtos aumentou. Além das roupas produzidas por Luiz, a loja passou a ofertar tecidos em metro e aviamentos. “Se tornou uma loja de armarinho, como era chamado naqueles tempos”, conta Adiles.
O crescimento do movimento fez com que outros itens fossem ofertados. A Loja da Adiles passou a ser referência em enxovais e roupas de lã. “Eu ia buscar em São Paulo, outras vezes no Rio Grande do Sul. Tinha que trazer coisas diferentes”, relata a empresária.
Depois do falecimento de Luiz, outra transformação na loja. Além de vestimentas, passou a ser ofertado opções de presentes, utensílios e brinquedos.
Ao longo dessas quase seis décadas de atendimento ao público, a Loja Adiles presou pelo atendimento familiar. A filha Ivani é quem acompanha Adiles nos trabalhos mais recentementes. Relata que os três irmãos, Ivanor, Ivalcí e Ivanilde, e alguns netos auxiliaram nos serviços da loja.
Para trabalhar na loja, um critério era indispensável, gostar de conversar. Adiles relata que o bom atendimento era obrigatório. “Primeiro era uma conversa. Poderia ser com um chimarrão ou com uma água. Depois os negócios”, destaca.
Mais do que clientes, a loja fez amigos. “Desde que começamos, prezamos pelo bom atendimento. Isso fez com que muita gente voltasse para comprar”, enfatiza Adiles.
Lurdes Pagani é uma das clientes fiéis que se tornou amiga da família. “É uma história muito bonita. Ela chegou a nossa loja, fez a sua primeira compra e negociamos pelo resto da vida”, lembra Adiles. Por meio do crediário, Lurdes manteve a relação com a loja. “Ela sempre fez questão de ter um valor, por menor que fosse, para voltar a loja”, relata Ivani.
Ivani destaca que o legado deixado pela Loja Adiles é a carteira de clientes/amigos. Embora as portas tenham sido fechadas, as rodas de conversa continuarão. Os cuidados para com Adiles passaram a requerer um tempo maior, mas, sempre haverá um horário para rememorar as boas lembranças da Loja Adiles.
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